e, de tanto implodir, surge a confusão. confusão? sim, confusão. um emaranhado de ideias, conceitos e achismos que resultam na personificação do ponto de interrogação. ponto esse que vem sendo meu companheiro há algum tempo.
me perco todos os dias nessa constante fome de entendimento que vivo. tentar entender não é algo que cabe a qualquer um. entender é vasto, pode te levar a vários caminhos, alguns sem saída alguma. becos escuros e silenciosos, que plantam a angústia em nossa alma e nos dilaceram um pouco mais a cada dia.
há uma balança em mim. uma balança que sempre pesou os valores de cada palavra, ação ou o-que-quer-que-seja. tudo bem, ela pode não estar configurada, assim como essa alma que vos fala, mas não tinha o costume de falhar. estar de mãos atadas é desregular o nosso próprio sistema de sobrevivência, que é como um copo cheio d'água que só espera a última gota para transbordar, ou não.
tudo bem, que se dane essa tal balança, ela não serve de nada quando o problema encontra-se no coração. coração é aquilo que a gente não regula, entende? não, não entende. já disse que entender é vasto, então para os covardes isso não existe. mas vamos deixar os covardes para lá, esses não arriscam pela vida e não se encaixam no assunto em pauta. ou se encaixam, não sei dizer ao certo. talvez nem seja covardia, e sim um artifício para simplesmente usar outro ser humano. usar outra pessoa também pode ser covardia? talvez. mas o talvez não deveria existir, não há vida com esse tal de "talvez". não trabalho com incógnitas, então que elas se afastem de mim.
posso morrer de novo, mas não tenho medo dessa coisa que a gente chama de morrer. a gente pode morrer, desde que se viva. ah, viver, também tenho fome de viver. não se entrega os pontos quando se está no comando da própria existência, então pode ser que eu já esteja pronta para encarar tudo isso. tudo bem, eu me pergunto o que é "tudo isso", mas também não sei responder. tudo isso pode ser só um castelo construído para alguém que nunca existiu, mesmo que exista. alguém que foi criado através das expectativas que sempre temos ao nos relacionarmos com seres humanos, que às vezes nem são tão humanos assim, mas "o que se há de fazer?".
o mundo não deixa de girar para que possamos limpar nossa casinha, cuidar do jardim, e organizar esse emaranhado de ideias pode ser uma tarefa difícil. mas, se o mundo não para, vamos viver. melhor se arrepender, mas com certeza sobre as coisas. a interrogação pode virar um ponto final, não há nada melhor do que entender o que se vive, e aqui vou eu.