domingo, 1 de agosto de 2010

exterior? não, não agora, obrigada.

uma vez disse a alguém que preciso aprender a exteriorizar minhas emoções. não, me enganei, não preciso. não há o que exteriorizar quando tudo acontece aqui dentro. a beleza do que implode pode vir a ser superior do que o que já explodiu.

não sinto a necessidade de dizer-lhe o que sinto se te abraçar forte ou simplesmente passar os dedos, num gesto de carinho, entre os fios de seu cabelo. não há motivos para dizer o que me angustia se te colocar um olhar pesaroso.

as palavras. ah, as palavras. essas podem não fazer o menor sentido quando o que aquece meu coração é somente o sorriso que surge em seu rosto em exatos momentos dessa vida.

saudade sufoca e congestiona as ideias, clarice dizia que é como fome (sim, citarei meus autores preferidos sempre que houver sentido), declaro que saudade é o meu ponto fraco.

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade. (…) Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
(A dor que dói mais - Martha Medeiros)

saudade dói como nenhum outro sentimento possa doer em todo nosso existir. ou viver, como preferir. toda essa coisa contínua da vida pode até pregar uma ponta de arrependimento sobre algo, mas não há o que se arrepender quando não se pode fugir do que se é.

meu silêncio é uma das melhores coisas que em mim existem. posso querer gritar quando acho que não mais aguentarei conviver com as pessoas, mas as palavras desvanecem. o que fica é o cheiro que nos faz recordar, o gesto de carinho e o brilho existente nos olhos.

as coisas que saem de nós já não nos pertencem, então não irei ao exterior.

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