Devo estar abraçando minha loucura. Abraçando como se fosse mais que isso. É mais que uma espera, mais que uma certeza de que as coisas poderiam ter dado certo. É mais que isso, eu sei. Não é preciso arranjar pretextos, inventar situações, forjar caminhos. E também não é necessário haver um meio de comunicação direto, se o silêncio insistir em prevalecer. Quando se existe um meio direto de comunicação e, mesmo assim, há o silêncio, é melhor que o meio não exista. Pode ser mania de ilusão, mas desta forma a gente se permite pensar que não há um modo fácil de chegar até onde se quer chegar. Que há lutas até contra si mesmo. Finge que não há a indiferença do outro lado. Finge até que as coisas vivenciadas foram verdadeiras...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Como se não houvesse segurança para ir, buscar, e vir - e não há. Como se do outro lado já estivesse tudo enterrado, mas do lado de cá as feridas continuam vivas e famintas, como plantas carnívoras. Que as feridas fossem o único problema, pois alguma coisa acaba se encarregando delas. Mas ainda há a vontade, o suspiro ao imaginar como se mostram os olhos do lado de lá. Ah, belos olhos... Imagina a situação como um desastre natural, desses que ouvimos falar todos os dias: acontecem com rapidez e devastam completamente a área atingida. Sufocada, só fica aqui parada e perguntando: "Até quando?".
terça-feira, 16 de novembro de 2010
fragmentos do que seria uma coisa só
(uma junção de trechos - talvez os melhores - de Caio Fernando Abreu)
"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa.". Sabe, "Seria apenas mais uma história, se não tivesse tocado a alma.". E "Pensar nisso ainda incomoda; é incrível como algumas coisas deixam marcas, e até parece que foram marcadas à ferro, porque você ainda as sente.". O tempo não perdoa. Há algum tempo, pelo menos comigo, costumava tirar as coisas do foco. Mas ainda hoje tenho vontade "de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.".
Ainda costumo me perguntar "até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia". Às vezes penso "que um dia a gente vai se encontrar de novo, e então, tudo vai ser mais claro, não vai mais haver medo nem coisas falsas.".
"E até me pergunto se não é sorte também estar do lado de fora dessa roda besta que roda sem fim, sem mim." Porque "Não há nada (nem ninguém) tão maluco quanto as mulheres. Soa machista? Mas é numa boa.".
Talvez seja necessário "aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida te enfia goela abaixo.". "Bobagens? pois é, se quiser ria como você costuma rir para se defender. Não estou me defendendo de nada.". E "Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro.". É inegável que "Sinto uma falta absurda de você. Ficou um vazio que ninguém (pre)enche, e penso e repenso e trepenso em você aí.". Mas não é que eu "Não que eu queira te esquecer, eu preciso.". Talvez a necessidade de esquecimento não seja tão grande quanto a vontade de rever. Mas, só fico aqui de longe, "olhando você, sem dizer nada. Só olhando e pensando: meu Deus, mas como você me dói de vez em quando.".
Conversas não resolvem. Meias voltas são inúteis, as coisas feitas são irremediáveis. E "Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis. Remexo o cérebro e elas vêm, não raras, mas toneladas.".
Me encontro "um pouco mais duro e menos preocupado em entretecer ternuras.". Talvez por esperar o que não pode - e não vai - vir. Procuro refúgio e "encho a cara sozinha aos sábados esperando o telefone tocar, e nunca toca.". A verdade é que "Esperar dói. Esquecer dói. Mas não saber se deve esperar ou esquecer é a pior das dores.", e até por saber que "uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros. (Silêncio)". Ah, ilusão, olha você de novo por aqui.
Mas eu "Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou.", e eu fico aqui "Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros.", sobretudo a de meu controle. Repetindo, assim como a gente esmurra pontas de faca, que "Seria apenas mais uma história, se não tivesse tocado a alma.". Coisas tolas para alguns, mas de quê importa?
"Os agostos haviam invadido setembro, avançado sobre outubro, até descolorir o novembro que ia em meio.". Ainda sim, depois de procurar incessantemente - e sem bons resultados - a saída desse abismo, "Não quero me tornar uma pessoa pesada, frustrada, amarga. Não vou me tornar assim.". Talvez as coisas não tenham passado porque "Às vezes a gente vai-se fechando dentro da própria cabeça, e tudo começa a parecer muito mais difícil do que realmente é.", mas "Cada um tem seus processos, você precisa entender os seus.".
"Seja como for, continuo gostando muito de você - da mesma forma.". Se algum dia, por descuido seu, eu ainda passear por seus pensamentos, "Me mande mentalmente coisas boas, estou tendo uns dias difíceis.". Dias difíceis desde que você se foi.
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